[Para ler ouvindo Just Give Me a Reason - Pink feat. Nate Ruess]

Eu pensava que estávamos bem, que eram apenas dias cansativos e uma vida cheia de rotina. Estava tão cega que não percebi que nosso amor estava se quebrando. Que já havia um abismo enorme entre nossos diálogos e corpos que raramente se encontravam. Nada mais era igual e o tempo que vivemos deixando a vida passar não estava mais ao nosso alcance. Correr atrás seria mais uma perda de tempo e momentos que não teríamos novamente.

Segunda chance para o nosso "nós" já não era suficiente, o importante agora seriam novas chances para nosso "eu". Isso mesmo, no singular! Há algum tempo já estávamos vivendo separados no mesmo ambiente, dividindo camas vazias, salas escuras e jantares silenciosos. Já não tinha mais as risadas gostosas e nem os gemidos, algumas vezes intensos, que distribuíamos pela casa. Não podemos negar que a cumplicidade ainda se fazia presente, naquela promessa de estar lado a lado todos os dias, em todos os momentos. Mas e a felicidade? Perdemos! Quando? Não sei! Talvez nas segundas-feiras​ que sempre reclamávamos do nosso chefe ou naquelas sextas-feiras que sempre suspirávamos aliviados pela chegada do fim de semana. Também pode ter sido naquelas quartas-feiras - que começaram esporadicamente até se tornarem constantes - que você ia jogar com seus amigos enquanto eu ia ao cinema sozinha ou acompanhada de alguma amiga. Mas a certeza maior é que foi desde quando passamos a procurar o corpo um do outro com menos frequência. E isso não​ foi pelas mudanças causadas pelos anos e danos - você sempre foi um cara atraente e eu também - mas o prazer acabou, por mais que ainda tenha amor. Um amor sem paixão, apenas com carinho e admiração pelo que nos tornamos.

Só que isso não é mais suficiente! Somos novos, você vai atrair novos olhares e eu vou buscar uma nova paixão para viver. Não temos mais o porquê de procurarmos motivos para insistirmos juntos. Podemos amar novamente sim, porém outras pessoas, aceitando que nossa caminhada encerra aqui. Vamos guardar as lembranças boas e construir novas. Você e eu, assim, realmente separados, sem essa de distância mesmo estando ao lado do outro, já fomos bons singulares disfarçados de plural. Porém o disfarce caiu e o tempo acabou.

Então.... Que sejamos felizes!